Nos últimos dias aconteceu em Brasília no Museu Nacional a 12a edição do Encontro Internacional Arte e Tecnologia. O evento é promovido em parceria pelos Medialabs da UFG e da UnB e fui lá para conferir algumas palestras e a exposição. Queria ter conseguido ficar por conta do evento durante todos os dias, mas de todas formas registro algumas percepções sobre as apresentações, as obras expostas e a interação com os artistas.

Sobre o formato das apresentações

Fiquei positivamente surpresa com o formato das mesas, além das palestras com referência da área. Ao observar o programa imaginei aquelas mesas redondas que existem em outros encontros de arte e tecnologia. Não sei se por uma restrição de espaço, ou por real opção de formato estes debates contavam com apresentações super dinâmicas com tempo limitado. De forma que a pessoa que estava falando sobre seu projeto tinha que praticamente fazer um pitch do trabalho de forma sucinta objetiva, explorando a necessidade de síntese contemporânea.

Conteúdo das falas, ou a grande descoberta

Em meio a tanta gente conhecida uma descoberta inesperada! O professor Raul Niño Bernal da Universidade Javeriana de Arquitetura e Design da Colômbia fez uma apresentação bem interessante sobre alguns conceitos que venho pesquisando como; não linearidade, adjacentes possíveis, emergência e incertezas. Ele trabalha com o futuro das cidades e habitações em dimensões de bio e nanotecnologia, além da cognição e informação. Outra coisa que me chamou a atenção em sua palestra foi o fato dele falar sobre a questão da sustentabilidade sem utilizar o termo sequer uma vez! Demonstrou uma enorme habilidade de abordar o tema sem adotar o discurso “eco-chato”, a pesar de ter soado pessimista a alguns.

Sobre a exposição das obras

Adorei o trabalho Espante os corvos de Van Gogh! A obra foi desenvolvida no Medialab da UFG sob a coordenação do professor Cleomar Rocha. Consiste em uma tela realmente interativa em que os pássaros voam, ou são espantados por quem passa diante do quadro. A sobre fica projetada na tela o que permite algumas outras brincadeiras tanto com a obra de Van Gogh como com a instalação! Muito bacana mesmo!

Outros trabalhos era também muito legais, como a instalação do projeto do Parque das Cidades, em que o ambiente do aquário de peixes reagia a presença dos participantes. Mas em geral observei poucos trabalhos que de fato interativos.

Bom, quem me conhece sabe que tenho uma forte crítica com relação a suposta interatividade de algumas obras de arte e tecnologia. Todo o respeito à video arte, performance e outras formas de expressão. Entretanto não se pode colocar tudo dentro da mesma “categoria”. Arte interativa significa que necessariamente a obra reage às ações do público. É uma questão básica de cibernética, que até posso desenvolver em outro momento. É importante ressaltar que não deixo de levar em conta que no campo da arte e tecnologia também existem obras em que o espectador apenas contempla a produção do artista e ponto final. Mas isso não é arte interativa!

Sobre as interações com os artistas

O melhor sempre fica pro final, claro! Fui pro Museu Nacional com uma colega do mestrado que trabalha com o Mapa Gentil e lá encontrei um monte de gente que não via há anos. Depois da palestra do Haytham Nawar do Egito, estávamos todos com fome e fomos para o lugar de sempre de Brasília (leia-se Balaio Café). Tive o prazer de conversar com figuras interessantes responsáveis pela Oficina CABEÇA BNAURAL: Cartografia dos Sentidos. Localização e especialização do som tridimensional, os professores Josep Cerdá da Universidade de Barcelona e Lilian Amaral da IAUNESP. Comemos, bebemos, trocamos cigarros orgânicos (o Josep com o Manitou e eu com o Mutuca) e conversamos muito. E no final da noite eles perguntaram, “quando vai ser sua palestra mesmo?” Bom, quem sabe no próximo ano!

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